Sobre o teu Origami

Hoje vou personificar papéis. Não os papéis que incorporamos nas cenas de mãos dadas,  nas peças de discussão ou nos monólogos de desabafo; já não somos mais personagens. 

Falo dos papéis dobráveis; do sulfite ao couché. Porque olhando pra eles, lembro de mim. Lembro de como fui (des)dobrado em metade. 

Mas voltemos aos papéis. Repare que nunca nos damos por satisfeitos quando os dobramos apenas uma vez; apenas em duas partes, apenas iguais. E então dobramos de novo, buscando facilitar o manuseio ou criar alguma figura sugerida pelo ócio. 

Ocorre que (assim) você me dobrou e antes que eu percebesse meu status de metade, você amassou a ponta esquerda e dobrou (de novo) minha situação. Dobrou a ausência em carência, a razão em paixão e dobrou em dúvida o que eu tinha de certeza. Nada pensado. Era confortante medir  os nossos lados & amassar com os dedos os motivos e (contra)tempos.
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Num repente, acordei marcado.

Me desdobrei antes que rasgasse.