(à)vontade

Ando bem. E não é porque consegui não exigir justificativas p'ro teu silêncio mal falado em meio ao eco das minhas respostas; eu já não existo mais. Ando leve. E não é porque trocarei hoje o café filtrado de saudade, pela cerveja brindada e graduada por goles ácidos de motivos; eu já não existo mais. Ando certo. E não é porque quis hoje coerência sobre significados de início e fim enquanto dialogávamos sobre o meio; eu já não existo mais. Ando dormindo. E não é por ter sido hoje acordado pela chuva que conseguiu apagar o que havia de rastro & cansaço & conquista; eu já não existo mais. Ando livre. E não é por ter conseguido superar o sentido de existência quando ouvi seu 'não' bem_dito, que de grito, acordou minha razão; eu já não existo mais.

Ando assim (só) porque hoje choveu quando estive com você e, quando (em tempo) já não estava mais ao seu lado, o sol apareceu.

Ando novo, e isso é bom.

(des)vontade

Não ando bem. E não é pelo refrão da musica-tema que tocou alto hoje no meu ouvido remetendo sentimentos triviais de semanas atrás; você já não existe mais. Não ando calmo. E não é pela sua foto que acabo de ver encenando teu cheiro de nuca & cabelo de fim de tarde; você já não existe mais. Não ando leve. E não é pelas mensagens que ainda guardo cuspindo a saudade do sossego depois de beijo & abraço diário; você já não existe mais. Não ando certo. E não é por causa dos devaneios de hoje que ainda repetem distraidamente as mesmas figuras de quatro semanas passadas; você já não existe mais. Não ando dormindo. E não é pelo 'não' mal __ dito que veio no lugar do 'sim'; você já não existe mais.

Ando assim (só) porque as palavras que tão contando uma estória de dois, em vez de sairem, como de costume, num romance encadernado de folhas amarelas, tão aqui rindo de lado em forma de crônica.